O que é ser Babalorixá ou Iyalorixá no Candomblé?
Em um mundo cada vez mais influenciado pela aparência nas redes sociais, a figura do Babalorixá e da Iyalorixá tem sido romantizada, criando uma ilusão de glamour e prosperidade atrelada à vida desses sacerdotes das religiões de matriz africana. No entanto, poucos compreendem a verdadeira essência e os desafios enfrentados por esses líderes espirituais. Este artigo busca desvendar o real significado de ser um Babalorixá ou uma Iyalorixá, indo além das superfícies brilhantes exibidas nas redes sociais.
Ser Babalorixá ou Iyalorixá transcende a ideia superficial de uma vida repleta de luxo e facilidades. Esses termos, originários da cultura Yorubá, referem-se a pais e mães de santo que possuem um profundo conhecimento e conexão com os Orixás, os espíritos ou deidades do candomblé e de outras religiões afro-brasileiras. Babalorixá, traduzido como “pai do orixá”, e Iyalorixá, “mãe do orixá”, simbolizam muito mais do que a liderança dentro de um terreiro; representam o compromisso, o sacrifício pessoal e a dedicação ao cuidado espiritual de sua comunidade.
A verdadeira vida de um Babalorixá ou de uma Iyalorixá é marcada por um comprometimento constante com o sagrado. Contrariando a noção de prosperidade propagada por alguns influenciadores, inspirados pela teologia da prosperidade de algumas igrejas evangélicas, a realidade desses sacerdotes é pautada no serviço e na assistência às pessoas. Eles são responsáveis por iniciar novos seguidores no culto, realizar rituais, oferecer aconselhamento espiritual e manter viva a tradição e os ensinamentos de sua fé.
Esta missão não é leve. Requer abdicação de muitos aspectos pessoais em favor do coletivo e do espiritual. Ao contrário do que muitos podem pensar, a decisão de se tornar um Babalorixá ou uma Iyalorixá não deve ser influenciada por pressões externas, mas sim por uma escolha consciente e pessoal de dedicar a vida ao culto dos Orixás e ao auxílio dos seguidores.
O conhecimento profundo do culto, das cerimônias, das ervas, dos oráculos e da liturgia é fundamental para o exercício do sacerdócio. Mais do que isso, a experiência e a vivência dentro do terreiro são essenciais para que o sacerdote possa cumprir sua função de cuidar das pessoas e dos Orixás. A construção de um espaço sagrado para a prática religiosa, muitas vezes, vem antes do bem-estar pessoal do sacerdote, evidenciando o caráter de entrega e devoção que define o verdadeiro Babalorixá e Iyalorixá.
Apesar da visão romântica que muitos podem ter, a realidade do sacerdócio é repleta de desafios, incluindo a ingratidão e o esquecimento por parte daqueles que foram ajudados. Contudo, a missão de manter vivo o culto dos Orixás, de iniciar novos seguidores e de transmitir os ensinamentos e valores da religião de matriz africana permanece como o foco principal desses líderes espirituais.
Em resumo, ser Babalorixá ou Iyalorixá é assumir uma vida de dedicação espiritual e comunitária, longe da superficialidade e do glamour muitas vezes associados a essas figuras nas redes sociais. É um caminho de profundidade, sacrifício e amor pelo sagrado e pelas pessoas que buscam orientação e proteção espiritual.