A História do Candomblé Jeje da Roça de Cima

Neste vídeo vamos falar sobre um terreiro que não existe mais na atualidade, mas que foi muito importante para os terreiros Jejes de Salvador e de Cachoeira. Hoje falaremos sobre o Candomblé Jeje da Roça de Cima.

  • Dentro do aspecto histórico temos que levar em conta que muitos dos primeiros terreiros iniciados não deram prosseguimento assim como não sobreviveu até os tempos atuais.
  • Outro fator importante que assim como os diversos Candomblés, o Jeje também começa seus primeiros passos no contexto dos Calundus.
  • O Candomblé da Roça de Cima (a Fazenda Altamira), por exemplo, é um Candomblé que não existe na atualidade, mas está intrinsecamente ligado ao surgimento do Ceja Hundê e ao surgimento do Bogun.
  • A partir da segunda metade do século XIX que começa se encontrar informações mais confiáveis, demonstrando a presença de um Candomblé Jeje a poucos quilômetros do centro urbano de Cachoeira.
  • O Candomblé da Roça de Cima era liderado por Ludovina Pessoa, Tio Xarene e provavelmente, em um período a frente, também por José Maria Belchior, apelidado de Zé de Brechó.
  • Atualmente esse lugar é identificado pela presença de uma antiga jaqueira frondosa. Essa jaqueira é uma árvore sagrada onde foi assentado o patrono da Roça de Cima, Dangorojí ou Darangogojí, qualidade de Sakpatá, que talvez corresponda ao Vodun Africano Dada Zodjí ou Daazodji.
  • O Candomblé da Roça de Cima de acordo com a tradição oral era pertencente a Dandagojí (Azonsu) e também Ogun. Que era o “dono da cabeça” de Mãe Ludovina Pessoa.
    • A oralidade trás três versões sobre o Ogun de Ludovina. Ogun Rainha, Ogun Tolu e Ogun Aires ou Warin.
  • É uma prática comum dentro do Culto de Vodun no Benin a liderança compartilhada entre um homem e uma mulher.
    • Isso corrobora com a tradição oral onde Tio Xarene e Ludovina juntos lideraram o início da Roça de Cima.
  • Tio Xarene é reconhecido pela tradição oral cachoeirana como um dos “baluartes do jeje” sendo o seu Vodun Azonsu.
  • Mamãe Ludovina era citada em várias notícias do jornal O Alabama entre 1866 e 1869, confirmando que ela morava e era muito ativa nas funções religiosas de Cachoeira e transitava participando de outros Candomblés em Salvador.
  • A Roça de Cima era limítrofe a antiga fazenda Ventura, onde está localizado atualmente o candomblé Sejá Hundê. Que surgiu do Candomblé da Roça de Cima.
  • A Roça de Cima parece ter sido o centro religioso mais importante para a comunidade Jeje em Cachoeira, e lá foram iniciadas as Grande mães de santo do candomblé jeje do pós-abolição.
    • Como Maria Angorensi (Maria Luiza do Sacramento) e Sinhá Abalhe (Maria Epifânia dos Santos), futuras mãe de Santo do Sejá Hundê.
    • As duas primeiras mães de Santo do Bogun pós-abolição, também foram iniciadas ou receberam obrigações na Roça de Cima, como Valentina e Maria Emiliana da Piedade.
  • Por volta de 1900, quando Ludovina Pessoa já havia falecido, o terreiro da Fazenda Altamira (Roça de Cima) começou a decair, seja pelo falecimento das vodunsis mais antigas, seja pela falta de liderança. Assim, a Roça de Cima foi fechada e as filha-de-santo de Ludovina desceram para integrar a Roça de Baixo, isto é, o Kwé Seja Hùnde comandado por Maria Ogorensi.
  • A Roça de Cima parece ter sido o centro religioso mais importante da comunidade jeje em Cachoeira, e ali foram iniciadas as grandes mães de santo do Candomblé Jeje da época pós-abolição.
  • Nessa congregação religiosa provavelmente foi consolidado o modelo litúrgico que veio a se perpetuar tanto no Bogun em Salvador, quanto no Sejá Hundê em Cachoeira.
  • A tradição oral coincide em afirmar que na Roça de Cima foram iniciadas as duas primeiras mães de santo do futuro Sejá Hundê:
    • Maria Luiza do Sacramento (Maria Agorensi) de Gbessen (1896 a 1922);
    • Maria Epifânia dos Santos (Sinhá Abalhe) também de Gbessen (1934/37 a 1950);
  • Ali se iniciaram ou receberam alguma obrigação as duas primeiras mães de santo do Bogun pós-abolição:
    • Valentina de Vodun Sogbô Adan (1890 a 1920)
    • Maria Emiliana da Piedade de Vodun Agué (1937 a 1950)

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