José Maria Belchior é um personagem legendário na história do Jeje cachoeirano. Tinha fama de feiticeiro de muita força.
Zé de Brechó como era conhecido nasceu provavelmente em janeiro de 1836 em Cachoeira quando seu pai ainda era escravo. Diferente do fato de ser africano como se acredita.
Ele foi consagrado para Dadá, Orixá da família de Xangô e tinha o título de Dadá Runhó.
Zé de Brechó era descendente de uma emergente elite negra.
Teve diversas funções publicas e comerciais em Cachoeira no final do século XIX e início do século XX.
Em 13 de Maior de 1888, quando foi votada e sancionada a Lei que extingue a escravatura, sua função como presidente da Sociedade Monte Pio, convocou uma assembleia extraordinária que após vários discursos, foi enviado um telegrama de felicitações à Princesa Isabel, por ele assinado.
Em setembro de 1889, José Maria Belchior foi nomeado chefe de uma comissão da Sociedade para receber Sua Alteza o Conde d’Eu, em visita a Cachoeira.
Tornou-se uma prestigiada figura pública, com contatos influentes com personagens da elite cachoeirana e soteropolitana.
Em 1882 ele era o proprietário da Roça de Cima.
São os recursos financeiros dessa elite negra, junto com a experiência religiosa dos últimos e velhos africanos como Ludovina Pessoa e Tio Xarene, o que permite explicar o funcionamento de terreiro como a Roça de Cima.
Imagina-se que o prestígio social de Zé de Brechó e o seu cargo de capitão da Guarda Nacional contribuíram para a expansão do terreiro e para garantir a tranquilidade das suas atividades sem excessivos problemas de repressão.
O seu caráter empreendedor e progressista e dos dotes de líder levaram-no a comprar as terras do candomblé Jeje da Roça de Cima em 1882, momento a partir do qual, presume-se que ele passou a comandar o congregação religiosa.
Ele veio a falecer em 1902, onde provavelmente o Candomblé Jeje da Roça de Cima deixou de funcionar definitivamente.