Catimbó- Parte 1

Antes de adentrar e falar sobre o Catimbó é necessário primeiramente separar o culto de uma ritulistica presente dentro da Religião, que é o uso da erva Jurema Sagrada.

A JUREMA SAGRADA:

Antes de tudo, a jurema é uma árvore da caatinga e do agreste que tem sua casca utilizada para a fabricação de uma bebida mágica que concede força, sabedoria e contato com seres do mundo espiritual.

É dessa forma que o uso da árvore desencadeia a formulação de uma experiência religiosa com mesmo nome.

Ao longo do tempo, a Jurema incorporou uma série de influências que impedem a formulação de um padrão ritualístico mais extenso. Assim, definimos como praticantes da Jurema todos aqueles que se reúnem em terreiros ou casas para realizarem a ingestão da bebida feita a partir da árvore, empregando o uso de tabaco e buscando o contato com um mundo espiritual alcançado através do transe.

Muitas religiões e que ainda serão abordados em artigos próprios fazer o uso da Jurema sagrada em seus cultos tais como Catimbó; Encantaria; Toré , etc… Era a bebida sagrada que os pajés indígenas faziam, servida em reuniões especiais, então chegamos a conclusão que em sua maioria osculto que utilizam a Jurema Sagrada tem uma maior ligação com rituais indigenas do que africanistas .

O CATIMBÓ.

Catimbó, nas línguas tupi-guaranis, significa respectivamente “fumaça de mato” e “vapor de erva”. Atualmente, a expressão “Catimbó” é um dos nomes que identificam um conjunto específico de atividades culturais e mágico-religiosas, além de aspectos míticos, cosmológicos e teológicos originários dos nativos da Região Nordeste do Brasil – elementos que compõem o que alguns pesquisadores consideram ser uma das mais antigas religiões brasileiras: o também chamado “Catimbó-Jurema”, “Jurema”, “Jurema sagrada” e “Culto aos Senhores Mestres”

Desde o século XVI ocorreram fusões entre rituais e crenças indígenas e católicas. As famílias do sertão praticavam seus cultos com a preparação de mesas com santos, crucifixos e velas, possivelmente em baixo de árvores frondosas que pertenciam aos terrenos (terreiros) da caatinga, assim como perante grandes rochas outrora consideradas sagradas.

Entre os séculos XVI e XVII surgiram as primeiras expressões do que pode ser considerado um antecessor do Catimbó , “Santidades” – manifestações híbridas católico-indígenas de espiritualidade

O Catimbó assim como demais religiões de matriz africana e indígenas, possui ramificações, porém esse tema será abordado futuramente.

É importante destacar que o Catimbó, ao contrário do que muitos acreditam, não é um adendo ou apêndice da Umbanda, do Candomblé, do Santo Daime ou de qualquer outra Tradição espiritualista, mágica ou religiosa. Embora possa existir em paralelo e em íntima comunhão com outros cultos e religiões, o Catimbó é uma Tradição independente, que possui dogmas, preceitos, princípios e liturgias próprios.

ENTIDADES:

No culto original de Catimbó não há uma veneração aos Orixás partindo da premissa é claro que se o culto se baseia mais em uma matriz indígena e não africanista, todavia como sabemos os cultos acabam por se aglutinar e se aculturar, sendo assim não é impossível existirem casas e mestres juremeiros que cultuam Orixás.

Povo Cigano e Pretos Velhos foram agregados ao culto , porém não são naturais do Catimbó.

Baianos;Marinheiros; Caboclos;Boiadeiros; Vaqueiros ; Carreiros e Cangaceiros tem falanges separadas dentro do culto.

Os Mestres são as principais entidades do Catimbó, trabalham em diversas linhas e apresentam características de um misto da entidade Exú ( povo de rua ) e Cablocos/Boideiros, os mestres são neutros e podem operar tanto boas quanto más ações, ficando a critério da ética do catimbozeiro a decisão de manipular as energias para a finalidade que desejar. Geralmente são espíritos reencarnados de praticantes de algum tipo de misticismo e que continuam a atuar além da sua vida.

Estes seres espirituais seriam os responsáveis pela prescrição de ervas medicinais, banhos, rezas e aconselhamento que afastariam o mau-olhado e o infortúnio que os que procuram o Catimbó buscam espantar.

Alguns nomes de Mestres e Mestras do Catimbó : Luziaria;Paulina;Ritinha;Júlia Galega;Amara José ;Navalha ;Anália ;Juvina; Zé Pilintra; Pilão deitado; Malunguinho; Tertuliano, Zé da Virada; Cibamba ; Zé Pretinho ; Zé da Virada, etc…

Exú (Povo de rua )no Catimbó:

No Catimbó, nomeia-se Exu a entidade responsável por auxiliar os mestres em trabalhos de esquerda, ou seja, voltados fundamentalmente à prática de trabalhos. Diferente do que ocorre na Umbanda onde os Exus possuem identidades distintas, no Catimbó há um subordinação total destas entidades a autoridade do Mestre, numa espécie de servidão.

A relação com a Umbanda:

Alguns consideram o Catimbó o avô da Umbanda, pois influenciou muito a construção dessa religião. Inclusive em uma próxima abordagem do assunto onde tratarei sobre o Tombo da Jurema e sobre alguns mestres ,tentarei explicar…Porquê existe as cantigas ”Oh Zé ! quando vem lá de Alagoas toma cuidado com o balanço da canoa ” e ” Pomba Gira aue, aue, Pomba Gira de Maceió onde mora a Pomba Gira ela mora em Maceió ”, Pois caso não saibam Zé Pilintra e Maria Mulambo antes de serem entidades de Umbanda eram mestres juremeiros.

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